Mistura de influências europeias, africanas e indígenas, a cultura da região Norte do Brasil é extremamente diversa e rica. Ela se expressa com grande personalidade em aspectos como música, dança, festas, culinária, arquitetura e tantos outros.
Um passeio por Belém e Manaus, suas duas maiores cidades, revela um pouco dos tesouros únicos por lá encontrados. Um aperitivo para os que partirem à exploração da maior região do País.
Começamos o passeio pelo mais conhecido ponto turístico de Belém, o Mercado Ver-o-Peso, às margens do rio Guamá. Em suas centenas de barracas, é possível encontrar um pouco de tudo que chega e do que é produzido na cidade: peixes frescos, frutas típicas, cachaças locais, temperos exóticos, vestimentas diversas, ervas medicinais, artesanato indígena e muito mais. E, se você sentir fome, nada como aplacá-la nos restaurantes à beira do rio, que servem especialidades regionais preparadas na hora.
Localizada ao lado, a Estação das Docas é de onde saem os barcos que passeiam pelas ilhas próximas. Um dos roteiros leva visitantes a apreciar o pôr do Sol navegando pelas águas do Guamá. Imperdível! Nas Docas também é possível conhecer a história da ocupação de Belém, comer em bons restaurantes e comprar lembranças da cidade, como a famosa cachaça de jambu, que deixa a língua dormente.
À noite, a pedida é escutar (e dançar) a música local. Do tecnobrega ao carimbó, passando pela guitarrada, há programas para todos os gostos. Na própria Estação das Docas há uma programação cultural semanal com essas apresentações.
No segundo dia, inicie a programação pela Basílica de Nossa Senhora de Nazaré, palco do Círio de Nazaré. Uma das maiores manifestações brasileiras de fé, o Círio atrai a Belém milhões de fiéis e visitantes, que se reúnem no segundo domingo de outubro em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré. Se você for nessa época, prepare-se para encontrar a igreja e as ruas ao redor tomadas de gente. Além disso, as residências, os hotéis e até o aeroporto ficam com as fachadas decoradas com o tema do Círio e imagens de Nossa Senhora. E o melhor: caso você não possa visitar Belém na data específica, pode apreciar a decoração mesmo após a festa, pois ela ainda é mantida por alguns dias.
Em seguida, dirija-se à Praça Princesa Isabel e tome um dos barcos que partem em direção à Ilha do Combu, um pedaço da Floresta Amazônica ao lado da cidade. A ilha possui dezenas de restaurantes montados às margens do rio. Escolha o seu e tome um refrescante banho no enquanto o seu almoço está sendo preparado. Uma dica? Peixe com açaí. Ao contrário das outras regiões brasileiras, no Norte o açaí é também servido como acompanhamento de refeições. Sem açúcar, é claro.
Depois do almoço, é hora de trocar um paraíso por outro: deixar a Ilha do Combu e ir ao Parque Mangal das Garças. O parque ocupa uma área de 40 mil m² e abriga espécies endêmicas da flora e da fauna locais, além do Museu Amazônico da Navegação e da Torre, de onde se tem uma visão panorâmica do Rio Guamá e de Belém.
Capital do Estado do Amazonas, Manaus está cravada em meio à maior floresta do planeta. No entanto, não é só pela natureza que a cidade é conhecida. Sua arquitetura também merece ser observada.
Construído para a Copa do Mundo de 2014, o estádio Arena da Amazônia tem arquitetura inspirada na floresta vizinha: sua estrutura metálica lembra um cesto de palha indígena. Multiuso, recebe jogos, shows e outros eventos. Algumas partidas de futebol dos Jogos Olímpicos Rio 2016 foram realizadas lá.
O centro de Manaus abriga casarões e prédios da época do ciclo da borracha, construídos em fins do século XIX, quando a economia na cidade girava em torno do látex extraído das seringueiras amazônicas. Sua principal pérola é o Teatro Amazonas, erguido com materiais importados da Europa e considerado um dos mais belos teatros de todo o mundo. O local recebe regularmente montagens de óperas e espetáculos de música clássica. Mas já foi palco até de concertos de rock: o grupo americano The White Stripes gravou ali um disco ao vivo.
Aproveite que está pelo centro e procure um dos diversos bares que tocam música local. O programa fica melhor ainda se acompanhado de uma deliciosa refeição amazônica.
O último dia da viagem é reservado para conhecer o rio Negro, tão caudaloso e largo que não se pode ver sua outra margem. A primeira parada é no Porto de Manaus. Um dos maiores portos fluviais do Brasil, também foi construído na época de ouro do ciclo da borracha. Faz parte de um rico conjunto arquitetônico, onde imperam a elegância e o luxo característicos da Manaus do século XIX.
De lá, pegue um barco rumo ao Parque Ecológico do Lago Janauari, a uma hora de Manaus. Porém, antes de chegar ao destino, a embarcação passa pelo encontro das águas dos rios Negro e Solimões, um grandioso e inesquecível espetáculo.
Nos 9 mil hectares do Parque, é possível observar a natureza amazônica, que fica ainda mais deslumbrante em um passeio pelos seus igarapés. Uma das estrelas é a Vitória Régia, flor-símbolo da Amazônia, que pode atingir 2m de comprimento.
Se a fome bateu, então chegou a hora de provar o sanduíche mais típico de Manaus, o X-Caboquinho. Recheado com queijo coalho e tucumã, uma fruta local, é o lanche preferido dos manauaras, que o comem a qualquer hora do dia e muitas vezes com outros acompanhamentos, como banana frita e ovo.